11 fev, 2018 | PONTE AÉREA
O artista Alfredo Volpi, um dos mais importantes pintores brasileiros, ganha enfim uma exposição retrospectiva no exterior. O artista tem seu trabalho celebrado por Alfredo Volpi – La Poétique de la couleur (Alfredo Volpi – A poética da cor, em português), exposição inédita que o Nouveau Musée National de Monaco promove entre 9 de fevereiro e 20 de maio.
Trata-se da primeira individual do artista realizada em uma instituição pública fora do Brasil. Com curadoria de Cristiano Raimondi, e apoio do Instituto Alfredo Volpi de Arte Moderna e da Galeria Almeida e Dale, a mostra apresenta um conjunto cerca de 70 obras do pintor, cuja produção ainda não é devidamente reconhecida para além das fronteiras da América Latina.
“A iniciativa do Nouveau Musée National de Monaco é educativa, bem como extremamente relevante para a preservação e divulgação da memória e produção do artista”, reforça Pedro Mastrobuono, diretor do Instituto Volpi. A colaboração entre os países também é elogiada pela diretora do museu, Marie-Claude Beaud. “A mostra não seria possível sem a contribuição do Instituto Volpi e dos inúmeros colecionadores que aceitaram nos emprestar seus trabalhos”, afirma.
A exposição traz desde paisagens rurais e urbanas dos anos 1940, até trabalhos das décadas de 1950, 60 e 70, nos quais predominam composições geométricas coloridas, como as faixadas de edifícios e suas famosas bandeirinhas.
Traçando esse amplo panorama de sua carreira, a mostra homenageia o pintor autodidata, que nasceu em 1896 na cidade de Lucca, na Itália, e que se mudou ainda criança para o Brasil. Com a família, instalou-se em São Paulo, no tradicional bairro do Cambuci, reduto paulistano da comunidade italiana.
Na juventude, Volpi foi marceneiro e entalhador, até começar a atuar como pintor decorativo de casas da alta burguesia paulistana. O ofício lhe proporcionou dinheiro suficiente para que desse vazão a seus desejos artísticos e desenvolvesse um estilo próprio. Nos anos 1930, quando começou a fazer sucesso, sua obra não podia ser enquadrada em nenhuma das vanguardas da época.
A curadoria, entretanto, reforça o impacto de grandes mestres europeus sobre a produção do pintor. Durante os anos 1940, o Brasil recebeu trabalhos de nomes como Giorgio Morandi, Henry Matisse e Paul Cezanne. O contato com esses artistas foi essencial para que Volpi remodelasse o espaço pictórico, produzindo trabalhos abstratos, numa rigorosa simplificação formal.
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