POR NELSON GOBBI O Globo
RIO — Enquanto Tarsila do Amaral ganha exposição no MoMA, outro modernista, este da segunda geração, tem sua primeira retrospectiva na Europa. Será inaugurada nesta sexta a exposição “Alfredo Volpi — La poétique de la couleur” (“Alfredo Volpi — A poética da cor”), que leva ao Nouveau Musée National de Mônaco, até 20 de maio, mais de 70 obras do artista ítalo-brasileiro, um dos nomes mais valorizados do mercado nacional.
Nascido em Lucca, Volpi (1896-1988) mudou-se com os pais em 1897 para São Paulo. Iniciada na década de 1910, sua produção artística, primeiro figurativa, ganhou características abstratas a partir dos anos 1950, com obras marcadas pela simplificação das formas e o domínio da cor. Reconhecido no mercado brasileiro, Volpi amplia sua presença no exterior a partir de mostras como a de Mônaco ou as individuais nas galerias Gladstone, em Nova York, no ano passado, e Cecilia Brunson Projects, em Londres, em 2016.
— Geralmente damos ênfase aos movimentos modernos na América a partir da experiência do pós-guerra nos EUA, mas a história no Brasil é muito anterior. O modernismo brasileiro foi um ciclo completo, e deveria ser estudado como outros momentos da história da arte, como o renascimento, o cubismo.
Presidente do Instituto Volpi, Pedro Mastrobuono frequentou a casa do pintor no bairro do Cambuci desde a infância, levado por seu pai, o colecionador Marco Antonio França Mastrobuono. Segundo ele, a personalidade do ítalo-brasileiro, avessa a exposição pública e autopromoção, terminou por valorizar suas obras.
— Volpi era uma pessoa muito simples, desapegada, que produzia para um grupo de amigos que frequentava seu ateliê. Vi meu pai comprar quadros antes mesmo de serem pintados — conta Mastrobuono. — Muitas telas ficaram restritas a este círculo íntimo, o que criou uma demanda maior que a oferta. Na individual da Gladstone, umas dez obras dele foram vendidas por valores em torno de US$ 1 milhão.
Curiosamente, modernistas que alcançam altas cifras no exterior, como Volpi e Tarsila, podem ter tido seu caminho aberto por artistas de gerações posteriores, na sequência do sucesso de neoconcretistas como Hélio Oiticica, Lygia Clark e Lygia Pape.
— Por uma série de fatores, os artistas pós-1950 conquistaram visibilidade lá fora antes que seus antecessores. O (crítico inglês) Guy Brett divulgou o trabalho de artistas como o Hélio Oiticica, a Lygia Clark, a Mira Schendel — observa o galerista Ricardo Rego, da Lurixs: Arte Contemporânea. — Com o aumento da curiosidade sobre a arte brasileira, essa lacuna sobre os movimentos anteriores começa a ser fechada. Os colecionadores e instituições querem entender melhor toda a trajetória de nossa produção.
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